quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dir-te-ei um segredo. Guarda-o. Um dia precisarás dele.

Tenho um segredo para te contar. Prometes que não contas a ninguém?


Estive a olhar pela janela a ver os portões da escola.Vi uma certa agitação, agora menor dada a hora que é. Vi imensos miúdos a brincar, a sair alegres com um sorriso na cara e com uma mochila nova nas costas. Provavelmente cheia de cadernos ainda com aquele cheiro característico de que foram comprados recentemente. E os livros, ainda pouco ou nada abertos, cheios de matérias excitantes e emocionantes a abordar ao longo de todo um ano lectivo. Claro que, para alguns, as matérias são pouco ou nada excitantes ou tão pouco entusiasmantes mas não é com esses que me identifico. Sim, ao ver aquelas crianças a sair da escola, lembrei-me de mim. De quando ia comprar material escolar contentíssimo, da primeira vez que entrei o portão da escola, nervoso, sem saber como iriam ser os meus novos colegas ou os professores, mas com apenas uma certeza. Seriam 3 anos que iriam decidir o meu futuro, que me permitiriam (ou não) lutar pelo meu sonho. Não lutei, pelo menos não o suficiente mas, o engraçado, é que se tudo correr bem, vou conseguir o que quero. Sim, porque nem em todas as alturas da vida desejamos ou ambicionamos o mesmo. Não gosto de me agarrar ao passado. O passado é um tempo esquecido, relembrado apenas por escassos momentos, envolto numa certa neblina e, mistificado, muitas das vezes. Fez me bem no entanto. Gostei de relembrar alguns momentos, nem que por breves instantes. Por momentos tive o poder de recuar no tempo, de voltar a ser uma criança. Caminhando ansiosamente para o seu primeiro dia de aulas, com uma mochila pesada nas costas cheia de cadernos por estrear. Avancei um bocadinho mais. O nervosismo está lá. Mas agora é uma escola diferente, de pessoas mais velhas e a criança passou a adolescente. Prepara-se para os seus primeiros exames no final do ano e para ingressar no ensino secundário ! Agora é que vai ser. Lutar pelo meu futuro-pensa
a criança.



"Se pudesses, davas-me a Lua? "
"Não. "
"Porquê?"
"Porque se o fizesse ninguém mais a poderia ver."



 De repente a bolha de pensamento desfez-se. Talvez uma avaria na máquina do tempo. Ah, pois, já sei. A máquina não avança para a frente. Só recua no tempo, incapaz de ser tal e qual uma bola de cristal. É pena. Gostava de ver o adolescente, agora mais velho, a dirigir-se para a faculdade. O nervosismo estará lá certamente. A mochila não sei bem ainda. Não é exactamente nítida a imagem. Os livros, provavelmente mais pesados. Mas ele parece aguentar bem o peso agora, já está maior, capaz de aguentar melhor o que se avizinha. Bem, amanheceu. A Lua desapareceu da minha janela. As imagens também desapareceram. Pois, é limitada eu sei. Às vezes nem aparece. Eu sei, podia ser mais eficaz, mas o ser bela, o esconder de uma face ocupa-lhe algum tempo, mas mesmo assim ela normalmente está lá. Se lhe pedirem ela mostrar-vos-á a outra face, a do Sonho. Não liguem se vos disserem que não é possível verem-na. "Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida"



Este é o meu segredo. Prometes que não contas?

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