segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O rumor do mimo que diz obrigado

Estive a olhar para o meu quarto. Tudo me parece
tão triste. Talvez seja aquela melancolia que está associada a uma viagem, a uma partida. Tenho andado a pensar no que vou levar comigo. Sei que não posso levar tudo e é por isso mesmo que me custa tanto fazê-lo. Provavelmente fui mimado demais, daí custar-me a abdicar das coisas, a despedir-me. Olhei para o meu globo de neve hoje e lembrei me da minha viagem a Londres, das gargalhadas com a minha mãe, do chocolate quente no Selfridge e do almoço no Harrods. "Sim, vou levá-lo". Mais ao lado, entalado entre os livros, um bilhete do Estoril Open 2011 (tinha os outros no quadro de cortiça mas não sabia deste). Lembrei-me da chuva, das minhas botas a pisarem as poças, da raquete que comprei, da fatia que pizza que deixei cair. "Hmm, também vens comigo". Continuei a vasculhar. Encontrei um bilhete de avião, para Geneve. Lembrei-me do aeroporto, da neve no topo das montanhas, do frio, dos pilotos e da boa acção que fiz. "Para dentro da caixa". Na última prateleira estava um porco ao pé de um texto. Este sabia onde estava. Algo que a J. me deu o ano passado, algo que representa a nossa amizade, que me fez lembrar cada sorriso, cada lágrima, cada momento que passámos juntos. Sorri. Não tinha dúvidas, "Claro que vens comigo"- disse eu para o porco (note-se que o porco era de peluche). Andei nesta azáfama quase o dia todo. " Já tenho tudo". No entanto, quando me preparava para ir à cozinha comer uma queijada (por falar nisso apetece-me comer uma a seguir a isto) vi algo no canto , encostado ao armário. Não era o meu trabalho da Drosophila melanogaster que me chamava a atenção ( se bem que ainda estou a ponderar se o levo). Encostada à parede, triste, sem ritmo, sem falar com ninguém há tanto tempo... Sim, tenho uma guitarra, acho que já o tinha dito. Escolhi-a preta, porque assim consigo reflectir as luzes brilhantes nela (sim, estou a ser um pouco paradoxal mas a verdade é que, apesar de preta, a guitarra reflecte bem a luz). Não toco nela há um ano e , sinceramente, tenho alguma vergonha de dizer que não sei tocar. Cheguei a aprender alguns acordes de algumas músicas mas agora acho que já nem pegar nela sei. Sinto que a desprezei. Que a ignorei, que não lhe dei a devida atenção. Quis prometer-lhe que, a partir de agora, passaria a ouvir os seus desabafos todos os dias, nem que só fossem alguns dias. Não consegui, não me sinto capaz de cumprir a promessa. Prometi-lhe então que a levaria comigo e que, quando pudesse, iria tentar conversar com ela. Será difícil pois não falamos a mesma língua (inglês e português entendo, francês amanho-me, "guitarrês"... hmm, não me ensinaram na escola , tenho pena, só "flautês").
Despreza-se a palavra, a honra, as promessas. Mas não te preocupes. Eu cumpro sempre uma promessa e o prometido é devido. Virás comigo e juntos vamos conversar (até porque para onde vou só te conheço a ti e a ele ). Talvez um dia falemos a mesma língua. Talvez um dia viajemos juntos e, talvez um dia, venhas comigo coleccionar sorrisos. Ah, não sabem ? (pois claro que não, que cabeça a minha) Agora colecciono sorrisos. Sim, e obrigados também. Muito pouca gente sabe, não gosto que se riam de mim, mas é verdade. Por enquanto são poucos mas espero, um dia, ter sorrisos suficientes para poder fazer da noite, dia. Sim , colecciono sorrisos e obrigados e ponho-os dentro duma caixa, um pouco barulhenta. " Hmm e essa, vai comigo?" Claro que sim, levo-a para onde vá. E , quando acelera, quando o TUM TUM se torna menos espaçado, apenas significa que preciso de mais sorrisos, de mais obrigados...

 E, de repente, só oiço a minha consciência a repetir a mesma frase, como um disco riscado :

"Bless your soul, youve got youre head in the clouds "

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Frasco Partido

Estou a ver a rua lá em baixo. Consigo ver os pinheiros do jardim. Vou até à sala e vejo o mar lá ao fundo. Olho para cima e vejo o céu, as nuvens. Mas nem sempre vejo o que quero. Sorrio. Choro. Uma tempestade? Um terramoto? Não sei e é isso que me atormenta. Não consigo perceber nada. Já não sei se sim. Se calhar estou dentro de areias movediças e não reparei. Sim, talvez seja isso. Uma dádiva, achei. Claro que é, uma das melhores noticias da minha vida, não por uma razão. Por duas. Não penso no que vou deixar para trás. Não penso no que vou perder. Espero ganhar. Espero conseguir. Espero triunfar. Mas, afinal, não é isso que esperamos todos? Todos... Parece-me tanta gente... Mas não sei quem são. Talvez mais fortes, talvez superiores, e mesmo inferiores, que importa? Queria um dado agora. Talvez se o lançasse conseguisse os números que quero. Mas, e se não conseguir? Se estiver a caminhar sobre gelo fino? Se estiver prestes a cair e nem consigo perceber?
Invejo a água. É clara. Incolor. Talvez fosse mais fácil assim. Não sei que cor tenho neste momento, nem isso sei. Estou a enganar-me a mim próprio. Sei bem que cor tenho. Sei que cor quero ver mas se calhar falta-me o lápis de cor. E se eu não o tiver? Seria capaz de abdicar de ver a Lua para conseguir pintar. Seria tão bom se assim fosse. Não existiriam próximas. Nem o amanhã importava, porque o presente era nosso. E o todos? Não, não teriam tal lápis! Mas isto... Isto é o que sonho, o que, se calhar, se demonstra impossível. Não sei. Não consigo ver. Não estou cego para os outros. Mas os outros não vêm, nem percebem. Eu próprio não percebia se me contassem. Aliás, não percebi outrora. Mas agora? Já nada me faz sentido, já não consigo dizer que não, já não consigo controlar-me. Perdi o controlo e devia estar assustado. Não sei onde estou e devia estar assustado. Consigo pintar? Se calhar não. Devia estar assustado...
Não consigo, perdi o controlo e sinto-me guiado. E, cinto de segurança? Não me parece que o tenha posto. E, mesmo que o ponha, será que vai doer menos? Claro que não. A dor é a dor. Está lá e não é tão manipulável. Tenho medo. Talvez de pôr o pé e cair para dentro do lago. Água fria, como agulhas. Sei nadar, provavelmente vou sobreviver. Mas e as cicatrizes? Será que desaparecem?
Não sei se estou a viver um sonho. Será que vou acordar? Espero que não. Sim, é cobardia, mas eu prefiro assim. Ou então, se me quiseres acordar, fá-lo depois. Assim posso dizer que tive um sonho.

"Então e sonhaste com quê?"
"Não sonhei, tive um quase sonho."´

Não quero um quase sonho, prefiro um sonho. E facas? Estacas? Agulhas? Um revólver? Prefiro veneno.
O frasco? Não o tenho, deixei de o ter.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Xeque-mate

" As hard as you try, no, I will never be knocked down. Next time I`ll be braver. I`ll be my own savior."

Impressionante como existem pessoas cujo objectivo principal é tentar fazer os outros sofrer. O trabalho que têm para conseguir nem sei eu bem o quê. Pois, lamento estragar-te os planos. Ganhei imunidade. Tenho agora células de memória que me permitem uma resposta mais eficaz. Às vezes acho que não cresceste, que te tentas constantemente pôr em bicos de pés, para pareceres mais alto. Talvez, sempre que fazes alguém sofrer, te sintas maior daí fazeres o que fazes. Fizeste-o com amigos meus, sei disso muito bem. Sei que a fizeste sofrer, mesmo que ela tenha dito que não. Tentas fazer o mesmo comigo. Nunca o conseguiste porque sabes, tão bem como eu que te baseias num castelo de cartas. Mas, agora? Conseguiste colmatar as falhas, conseguiste encontrar um ponto fraco. Parabéns, tirava-te o chapéu (se o tivesse).  Contudo, tenho algo para te dizer. Um ponto fraco, uma falha numa construção de um castelo, por muito alto que seja, é imprevisivel. Não tem que ceder. Lamento, não me farás ceder. Lamento que tenhas algum dia conseguido fazê-lo às pessoas de quem gosto. Por mim podes sempre pôr-te em bicos de pés. Apregoa ao mundo, parabéns, conseguiste ultrapassar-me. Mas, lamento. Não me vais deitar abaixo, e até te digo porquê. Conto-te um segredo tão valioso que sempre ignoraste.Não podes saber jogar xadrez sem saberes fazer xeque. Amizade.  De que te vale tudo isso? De que te vale achares que conseguiste? Quem tens a teu lado, quem te dará os parabéns, a quem podes recorrer quando precisares? Eu, um dia estive lá. Agora? Lamento, o tempo passou. A vida é um jogo, não é o que dizes?
Xadrez. Sempre gostei de jogar xadrez, nisso somos iguais. Correcção, fomos. Já soubeste fazer xeque. Já soubeste o que era roque. Agora? Lamento.
Xeque.
Correcção.
Xeque-mate.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ciclo das Galochas

Sempre gostei muito de ciclos. Sim, são um pouco repetitivos mas eu gosto deles. O ciclo das rochas por exemplo é um dos meus preferidos, certamente mais interessante que o ciclo da água (não querendo ferir susceptibilidades) .Tenho boas recordações do 1º Ciclo e. por ironia do destino, uma vez mais, encontro-me envolto num ciclo. Não é um ciclo feio nem tão pouco irritante (como o Ciclo de Krebs por exemplo), até é engraçado. Pode ter consequências (certamente as tem como qualquer outro) mas eu gosto dele. É um ciclo.
Dá-me a oportunidade de ter esperança, de poder acreditar que é possível. Noutra ocasião nem pensava duas vezes. Com uma confiança (e talvez arrogância) inabalável diria que não era um ciclo. Que tinha conseguido, não à primeira, mas à segunda. Aprendi que não é o melhor pensamento, podem aparecer pedras que nos fazem bater com os dentes no chão entretanto. Por isso digo que sim, é um ciclo. Um ciclo que me traz boas coisas agora e que, espero, se quebre na segunda-feira. E, ao estilhaçar-se, espero também que me deixe ouvir (ou melhor, ver) o que quero. Certamente que vai ser mais difícil, que vou ter algumas dificuldades mas isso, a ver vamos. Tenho que esperar, aguardar, ser paciente. Aprendi que a paciência é uma grande virtude. E, se esperei este tempo todo para agora poder sonhar, valeu a pena. Além disso sempre me disseram que nada acontece por acaso (talvez seja aquela rapariga irritante, a ironia, que me está a tentar ensinar alguma coisa, quem sabe?). Se calhar estou a precipitar-me, se calhar estou a falar de mais mas pouco me importa agora. Quero sonhar. Sim, adoro ciclos. Bem, talvez uns mais que outros mas isso pouco importa. Ainda gosto mais quando se quebram. Quando se entrelaçam com outro para se voltarem a separar mais tarde e, neste momento, sinto-me como uma criança pequena. Se calhar voltei à infância e estou a pular de poça em poça, com umas altas galochas para não me molhar. Se calhar estou só a sonhar, ou num estado de loucura temporário. Pular de ciclo em ciclo não é muito saudável mas é divertido.

"- Se calhar devia parar."
"-  Não !"
"- Vou amuar. Quero sonhar e quero divertir-me. "
"- Hmm, mas não queres ficar constipado, de certeza."
"- Já sei ! Se calhar devia comprar umas galochas! Assim podia criar um ciclo novo, o ciclo das galochas!"

sábado, 17 de setembro de 2011

Manuais de instruções

Às vezes acho que nós, seres humanos, devíamos vir com materiais de instruções. Não se trata de fugir à verdade quando digo que sempre consegui perceber bastante bem as pessoas. Já aqui disse que não tinha um raio-x nos olhos mas considero-me bastante observador e, como tal, consigo saber com o que posso contar. Bem, claro que isto é o tradicional, o que normalmente acontece. Contudo, ultimamente, tenho vindo a enganar-me. Talvez seja a vida a querer demonstrar-me que nunca se pode ter a pretensão de conhecer alguém. No entanto não o consigo evitar. Especialmente com os nossos amigos. Sim, isto é tão mais verdade para as pessoas que julgamos conhecer como a palma da nossa mão e que, depois, nos surpreendem. Claro que a surpresa não tem de ser negativa, nem ter de ser tão pouco conducente à desilusão. Sim, também há aquela atitude que nos surpreende pela positiva, que nos tira os pés do chão. Começo a ponderar se estou com os olhos bem abertos. Se calhar subestimo os outros. Não gosto de o fazer e é um erro tremendo mas, talvez inconscientemente, o tenha vindo a fazer. Tenho sido surpreendido constantemente nestes últimos dias e (felizmente) de forma bastante positiva. O problema é que isto levanta uma questão. Como vou eu lidar agora com isto? Sim, porque é uma mudança, uma alteração. Se calhar tenho sido imprudente, irresponsável, tenho neglicenciado coisas que são bem mais relevantes. E isto leva a termos que analisar, observar, tentar conhecer novamente quem julgávamos ter conhecido. Levantam-se questões impensáveis antes. Talvez faça parte da minha racionalidade querer ter o controlo, saber com o que posso contar. Começo a achar que é um erro. Começo a achar que não tenho nada sob controlo. Que as pessoas não são como eu as imagino. Umas melhores outras piores. Tenho que me adaptar, mas a evolução não é de todo rápida. E isto faz-me desejar algo que me ajude. Saber o que dizer. Saber o que calar. Saber o que posso fazer. Saber o que não posso. Saber como fazer. Saber o porquê e o porque não. Sim, gostava de ter um manual de instruções. Talvez seja mais fácil assim...
Mas eu nunca consegui montar nada do Ikea (à excepção de um candeeiro com 4 peças). Nem mesmo com um manual de instruções. Claro que não me esforcei minimamente. Paciência, não tive. Quem me garante que agora a teria?  Os manuais de paciência fazem-me falta, sim. Mas são falíveis, às vezes pouco explicativos...
Passarei a estar mais atento. A não desvalorizar, a não ignorar. Manuais de Instruções, para quê? Sei bem como lidar comigo próprio. E com os outros? Se não sei, vou aprender. Manuais de Instruções? Fazem falta mas alguém os criou pela primeira vez.
Eu, farei o mesmo.

"Não venho com material de instruções, lamento."`
"Pouco me importa, sei que vales a pena. Se for necessário, escreverei o teu manual ."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Teatro e a Previsão

"Cause there`s a side to you that i never knew, never knew"

Ontem conheci um grande amigo de um grande amigo meu. Pareceu-me simpático, boa pessoa, um bom amigo. Sei como se chama, a cor dos olhos, em que faculdade anda, onde mora, quanto calça, quanto mede e, mesmo que algumas destas coisas possam ser estimadas sem serem dadas a conhecer, as pessoas tendem a dizer : "Conheci alguém. ". Devo admitir que isto me faz uma certa confusão, este verbo. Efectivamente nós conhecemos a pessoa, somos apresentados, ficamos a saber algo sobre ela, mas conhecemo-la? Sabemos o que pensa? Porque luta? Pelo que sonha? O que a faz chorar? O que lhe põe um sorriso no rosto? Devia existir outro verbo a aplicar nestes casos. Por mais irónico que possa ser, até classificamos estas pessoas como "conhecidos" quando, provavelmente, não sabemos com o que podemos contar. No entanto, também sucede o oposto. Existem pessoas com quem se calhar não trocámos mais que um olhar e que sentimos que conhecemos. Podem ser pessoas transparentes, mais verdadeiras, mas não necessariamente. Não é a pureza que nos faz sabermos quem são. ´
Se calhar é o olhar. Para mim, olhar nos olhos alguém pode dizer-nos muito sobre o outro. E não são precisos rótulos, máscaras, fingimentos. Não, não tenho raio-x incorporado nem qualquer poder de adivinhação (mesmo que me atirem com búzios, cartas, ou chávenas de café). Simplesmente acho que os olhos são como impressões digitais, verdadeiros, representativos. Claro que, mesmo em algumas pessoas, nem os olhos nos podem dizer o que pensam e, por muito que as tentemos perceber, não vamos conseguir. Se calhar sou assim. De toda a gente que conheço, só duas pessoas me conseguem olhar nos olhos e saber quem sou, mesmo que eu não queira que se saiba. O que penso. Com que sonho. O que me faz chorar. O que me leva a gritar. Se calhar sou pouco expressivo, olhos tão banais, castanhos como tantos outros. Ou então, se calhar, somos nós que não sabemos ver. Se calhar somos nós que não estamos disponíveis, inalcançaveis, não os outros.
Não achei o rapaz que conheci ontem transparente. Conhecer? Não, não o conheci. Se calhar não é pelo reconhecimento visual que conhecemos alguém. Porque há quem esteja uma vida inteira ao lado de alguém sem conhecer com quem vive. Mas então, quando sabemos se conhecemos alguém? Não sabemos acho. Nunca conhecemos verdadeiramente alguém. Não vivemos em condições extremas. Não vivemos numa utopia. E o meio? Não nos permite avaliar. " O Ser humano é capaz de executar os actos mais bárbaros quando está em causa a sua sobrevivência ". Racionalidade a mais? Talvez. Mas, se assim não for, conheceríamos meio mundo e, nessa altura, a desilusão seria maior, insuportável. E o que seria de nós sem segredo? Sem risco? Sem sabermos o que nos espera? Fantoches, Marionetas, num espectáculo certamente dramático e eu?  Prefiro comédia, sempre escapa à rotina.

"Olá, prazer em conhecer este teu lado. Espero que um dia venha a conhecer o outro."

Prever o Futuro? Não, obrigado. Não gosto de fantoches.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Brisa Musical VIII / A criança do lugar escuro

Ergui-me. Conheci o sabor das lágrimas, refugiado num lugar escuro. Precisei de estar sozinho. Talvez para reordenar pensamentos, talvez para saber aceitar o que não posso mudar.
 Como tinha pedido, deram-me a mão. Tive, a meu lado, quem me ajudasse a caminhar para a batalha novamente. Achava que, provavelmente, ia lá ficar junto a uma pedra escura, durante muito, muito tempo. Felizmente não.
Às vezes pergunto-me se o Mundo não é como um rapaz amuado que, por capricho, muitas das vezes nos faz sofrer. E a seguir, quando o amuo passa, o rapaz decide dar-nos um presente, um sorriso contagiante que nos faz ver a vida com outros olhos. Se calhar devíamos estar mais gratos por isso. Típico do ser humano, é raro agradecermos. Há quem diga que é por não termos nada para agradecer, mas será verdade? Estamos vivos. Termos quem amamos ao nosso lado. Podermos ver, ouvir, cheirar, tocar, provar. Existir luar. Existir mar. Não será suficiente? Sim, sei a que sabem as lágrimas. Sei a que sabe estarmos num lugar escuro. Sei a que sabe termos surpresas pouco agradáveis. Sei a que sabe a dor. Mas, acima de tudo, sei a que sabe não estar sozinho. Sei a que sabe darem-nos a mão, sei a que sabe ter alguém que nos apoie. Sei a que sabe ter alguém que nos dê força, que nos roube um sorriso. Tive quem me desiludisse. Quem nem sequer percebesse o quanto sofri. Se calhar tinha expectativas demasiado altas, mas tive também quem mais uma vez estivesse lá. E não será isto suficiente para agradecer? Sei que é só uma palavra, sei que é pouco para alguns, mas para mim vale muito. Obrigado. Obrigado por estarem lá, por me darem a mão, por não me deixarem desidratado, por me guiarem a casa. E aos que não me deram a mão? Aí, agradeço ao rapaz amuado. Agradeço por me ter mostrado uma vez mais que vou sofrer muitas vezes. Agradeço por me ter mostrado que por cada um desses que me esqueceu existe alguém que não se esquece de me ajudar a levantar. Sei que vou cair, que vou esfolar os joelhos muitas vezes. Sei que vou chorar quando cair e quando me tratarem das feridas. Sei agora que vou sofrer muitas vezes, mas sei que vou ter lá quem me sopre a ferida e diga que tudo vai ficar bem...
Talvez me falte mentalidade, sim, talvez ainda não tenha percebido que não vivo num conto de fadas daí custar-me tanto de cada vez que tropeço. Talvez não queira crescer. Talvez queira viver assim para sempre...
Mas o sempre não existe. Nada dura para sempre. Espero pelo dia e, mesmo que não queira, um dia só permanecerá a memória de quando era feliz, de quando achava que o arco-íris terminava num pote de ouro...



P.S.: A música pouco ou nada tem a ver com o tema mas descobri-a ontem e não consigo parar de a ouvir. Mas, quem sabe? Talvez um dia faça sentido outra vez.

"Regrets and mistakes, they're memories made
Who would have known how bitter-sweet
This would taste?"

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Colocado

Nunca pensei que uma palavra tão simples pudesse fazer alguém tão feliz. Um sorriso. Um salto. Um  parabéns. Estás na Faculdade. Um sorriso rasgado. Um salto ainda mais alto. Um parabéns dito em voz bem alta. Consegui. Consegui o que queria. Entrei no que queria e, um dia, farei o que gosto. Uma bênção. Dias antes tinha a convicta certeza de que iria entrar. O meu nome estaria lá, associado a uma pequena palavra. Colocado. Sim, tinha a certeza e nunca duvidei. O grito que iria dar, os telefonemas que ia fazer a seguir, tudo tão bem ensaiado, esperando pela grande estreia. 2 e 32 da tarde. Abri o site, procurei o meu nome. Não Colocado. Não haverá sorriso, não haverá salto. Parabéns? Fora de questão. E os telefonemas? Feitos, mas num tom diferente. Melancolia. Tristeza. Alegria? Fica para todos os outros. Para os que leram colocado naquele momento. E aos sorrisos brindemos. E à alegria, e ao prazer de fazermos o que gostamos numa vida tão grande. Não foram dois valores. Não foram três nem quatro. Talvez fosse mais fácil brindar a isso. "Não entrei, por dois valores." Mas não. Porque a ironia tem que estar presente, mandar-me abaixo uma vez mais negando-me o que julgava tão certo... Mas quem poderia ter adivinhado? Quem poderia saber a que saberia o desespero, o fracasso? Minto quando digo que é só um ano, que pouco me importa. Que serei mais forte. Dói-me. Talvez mais do que julgava ser possível. Dramatismo? Não, desespero. Porque quando se ultrapassa uma barreira pensa-se que estamos lá. Sim, porque não existem barreiras a bloquearem-nos a meta. O pior são as pedras, as pedras que nos fazem cair. As pedras que nos esfolam. As pedras que nos fazem bater com os dentes no chão. As pedras que nos fazem sangrar. As pedras que nos ensinam a que sabe o sangue. Sim, porque quem poderia adivinhar a que sabe o sangue sem o beber? Quem poderia ter avisado os sonhadores que, um dia, os sonhos caem, perdem a gravidade. Se calhar, deviam avisá-los do tamanho da queda. Do que iriam sofrer, deviam avisá-los que as pedras estão lá também. Esquecer? Não. Será uma lição, mais uma. Sei disso tão bem. Não fiques triste dizem... Não consigo. Estou a sofrer. Em silêncio talvez. Para os outros digo que levantei a cabeça. É o que se espera que eu faça. Tenho forças para o aguentar e vou combater, lutar, porque vou vencer. Odeio que o pensem. Eu sofro. Não sou de ferro e, se soubessem ver com o coração conheceriam a que sabem as lágrimas. Cloreto de Sódio. Sabem-me a mais que isso. A dor. Sim, porque afinal a dor também pode ser saboreada. Sim, porque saborear algo não é apenas positivo. Querem que me erga? Não consigo. Deixem-me de joelhos. Não consigo levantar-me ainda...
Colocado...
Sim, a que sabe isto? A que sabe tão simples palavra?
Não sei. Talvez para o ano saiba. Sim, porque este ano não vai ser a palavra no local certo. Porque as palavras têm lugares próprios onde sabem melhor.
Não entrei na faculdade no curso que queria. Não sei a que sabe a palavra colocado. Não sei a que sabem os sorrisos que podiam ser meus, os saltos, a alegria, os telefonemas. Uma  décima. Parece tão pequeno o número. Tinha razão em não gostar de números. Mais uma vez são eles as pedras. Arrependimentos, erros, quem poderia saber? O doce, o amargo? Esqueçam. Não agora. Deixem-me chorar. Terei tempo para levantar a cabeça, para encher as feridas de álcool, para desafiar a gravidade uma vez mais. Nessa altura vou estender-vos a mão para me levantarem.
 Agora , por favor, deixem-me conhecer o sabor das lágrimas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Dir-te-ei um segredo. Guarda-o. Um dia precisarás dele.

Tenho um segredo para te contar. Prometes que não contas a ninguém?


Estive a olhar pela janela a ver os portões da escola.Vi uma certa agitação, agora menor dada a hora que é. Vi imensos miúdos a brincar, a sair alegres com um sorriso na cara e com uma mochila nova nas costas. Provavelmente cheia de cadernos ainda com aquele cheiro característico de que foram comprados recentemente. E os livros, ainda pouco ou nada abertos, cheios de matérias excitantes e emocionantes a abordar ao longo de todo um ano lectivo. Claro que, para alguns, as matérias são pouco ou nada excitantes ou tão pouco entusiasmantes mas não é com esses que me identifico. Sim, ao ver aquelas crianças a sair da escola, lembrei-me de mim. De quando ia comprar material escolar contentíssimo, da primeira vez que entrei o portão da escola, nervoso, sem saber como iriam ser os meus novos colegas ou os professores, mas com apenas uma certeza. Seriam 3 anos que iriam decidir o meu futuro, que me permitiriam (ou não) lutar pelo meu sonho. Não lutei, pelo menos não o suficiente mas, o engraçado, é que se tudo correr bem, vou conseguir o que quero. Sim, porque nem em todas as alturas da vida desejamos ou ambicionamos o mesmo. Não gosto de me agarrar ao passado. O passado é um tempo esquecido, relembrado apenas por escassos momentos, envolto numa certa neblina e, mistificado, muitas das vezes. Fez me bem no entanto. Gostei de relembrar alguns momentos, nem que por breves instantes. Por momentos tive o poder de recuar no tempo, de voltar a ser uma criança. Caminhando ansiosamente para o seu primeiro dia de aulas, com uma mochila pesada nas costas cheia de cadernos por estrear. Avancei um bocadinho mais. O nervosismo está lá. Mas agora é uma escola diferente, de pessoas mais velhas e a criança passou a adolescente. Prepara-se para os seus primeiros exames no final do ano e para ingressar no ensino secundário ! Agora é que vai ser. Lutar pelo meu futuro-pensa
a criança.



"Se pudesses, davas-me a Lua? "
"Não. "
"Porquê?"
"Porque se o fizesse ninguém mais a poderia ver."



 De repente a bolha de pensamento desfez-se. Talvez uma avaria na máquina do tempo. Ah, pois, já sei. A máquina não avança para a frente. Só recua no tempo, incapaz de ser tal e qual uma bola de cristal. É pena. Gostava de ver o adolescente, agora mais velho, a dirigir-se para a faculdade. O nervosismo estará lá certamente. A mochila não sei bem ainda. Não é exactamente nítida a imagem. Os livros, provavelmente mais pesados. Mas ele parece aguentar bem o peso agora, já está maior, capaz de aguentar melhor o que se avizinha. Bem, amanheceu. A Lua desapareceu da minha janela. As imagens também desapareceram. Pois, é limitada eu sei. Às vezes nem aparece. Eu sei, podia ser mais eficaz, mas o ser bela, o esconder de uma face ocupa-lhe algum tempo, mas mesmo assim ela normalmente está lá. Se lhe pedirem ela mostrar-vos-á a outra face, a do Sonho. Não liguem se vos disserem que não é possível verem-na. "Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida"



Este é o meu segredo. Prometes que não contas?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brisa Musical VII

Hoje, enquanto estava a olhar para as nuvens, apercebi-me de que estavam cor-de-rosa, o que me fez lembrar o algodão doce. Fofinhas. E até tive vontade de as comer. Contive-me. Se as comesse, ninguém mais as ia ver. Então, deixei as lá ficar e vim ouvir música para dentro. Entretive-me a vê-las seguir o seu rumo, no seu passo vagaroso, como caminhando para um lugar distante, uma convenção de nuvens algodão doce talvez. Assim fiquei a admirá-las, a "comê-las", mas com os olhos, enquanto ouvia isto...



terça-feira, 6 de setembro de 2011

A rapariga dos cabelos castanhos

Devem conhecer aquela célebre frase : O mundo é pequeno. Apesar de, em termos racionais isto ser um pouco absurdo (dependendo claro do nosso conceito de mundo e do objecto de referência para a medição), até que às vezes, posso entendê-lo. Ontem, depois de ter visto o Titanic (e de ter chorado pela milionésima vez- sim, um pouco estúpido mas não o consigo evitar), recompus-me e fui dar uma volta. Não encontrei crianças a brincar na rua contrariamente ao que esperava. Nem senhoras, já com alguma idade, a passear os seus cãezinhos. Fiquei um pouco espantado, mas enfim, as crianças provavelmente preferem estar no computador (oh sweet irony ) e as senhoras, essas.... bem, se não estiverem no computador também, talvez possam ter ido de férias, sim porque não? Continuei a andar e sentada no passeio estava uma rapariga com longos cabelos castanhos caídos sobre algo que me parecia um telemóvel. Ia passar por ela quando sai de um prédio próximo uma  das minhas ex-namoradas (sim, tive e isso é algo a falar um dia) que, ao sair, reconhece-me e vem me falar. Cumprimento-a , conversa casual, como estás, entrada na faculdade, vais sair? Ao que ela me responde,  "Sim, vou dar uma volta com uma amiga minha que ali está sentada à minha espera" Começámos a andar. Então e onde vão? "Estamos a pensar ir à escola porque ela tem de ir tratar de umas coisas e depois devemos ir ao .***** (por razões de confidencialidade vou omitir o nome do sítio :P) " E tu, vais ao supermercado?" Não, ia à papelaria. "Ah, então fazes-nos companhia até à escola" Claro, sorri. Chegámos ao pé da rapariga e eu tive aquela sensação de já a ter visto antes mesmo de saber o seu nome. " Christopher, esta é a N. " .
"Olá -cumprimentou ela- não te lembras de mim já?" Hmm, a tua cara não me é estranha mas para ser sincero de momento não -disse sorrindo.
Afinal, a rapariga dos cabelos castanhos, aquela por quem eu ia passar sem sequer olhar uma segunda vez, tinha sido minha amiga de infância. Sim, era uma grande amiga, com quem eu outrora ia para o parque brincar, com quem jogava à apanhada, às escondidas, com quem devo ter visto o meu primeiro filme de terror que me deixou sem dormir quase uma semana. Ela mudou-se. Foi viver para longe, e lembro-me de me ter custado muito vê-la partir. Agora que penso nisso, de todos os meus amigos de infância apenas ainda falo com 2. Damo-nos bem e continuamos, ainda hoje, crianças grandes que só fazem parvoíces. Recordámos alguns momentos bons, rimos ao lembrar-mo nos do quão pestes éramos. "Lembras-te quando atirávamos pedras para a garagem do Sr. M. , fugindo quando ele vinha disparado atrás de nós ? " Lembro-me. Lembro-me disso tudo. No entanto, lembro-me porque tu te lembraste de mim. Sim, porque se a M. (a minha ex-namorada) não tivesse saído naquele momento.... Sim, se tu e ela não se tivessem tornado amigas por causa da irmã dela. Sim, se tu não tivesses voltado para o sitio onde outrora brincaste naquele parque comigo... Sim, porque eu passaria por ti. Iria ignorar-te e não iria lembrar-me de ti. Não até encontrar-te um dia , talvez. Sim, iria até à papelaria sozinho e, dali a cinco minutos, cinco segundos se calhar, nem me iria lembrar que vi uma rapariga sentada no passeio. E, se por acaso me lembrasse da cor dos teus cabelos não serias N., a minha amiga de infância. Sim, hoje vi uma rapariga sentada no passeio. A rapariga dos cabelos castanhos.

Espuma de Cristal

Estive a tomar um banho relaxante hoje. Daqueles que demoram muito, muito tempo com uma banheira cheia de espuma. Enquanto tomava banho, ao som dos coldplay, tive uma visão. Ou melhor, um raciocínio que nunca fiz visto que nunca me ocorreu. Assim, olhei para uma bolha. Soprei e ela voou, bem por cima da minha cabeça até se desfazer contra o vidro. E, este simples percurso, tão rápido, despertou em mim uma certa surpresa. "Olha, as bolhas também crescem-eu fiz a minha crescer através do sopro-voam bem alto e depois, um dia, acabam por desaparecer, desvanecem-se..." Depois, pus-me a pensar. Em que fase estou eu ? Sim, já não sou uma criança. Adulto? Hmm acho que ainda me falta compreensão e alguma maturidade. Adolescente? Não gosto muito do termo mas , há falta de melhor...
" Mas e então quando vou saber que sou adulto? Quando é que vou ganhar a compreensão e maturidade que me faltam?" A faculdade talvez. Pelo menos é o que acho que me vai fazer "abrir os olhos". Até aqui tenho sido mimado, acho. O aluno preferido dos professores, o aluno certinho que ia tendo uns valores a mais a matemática sem saber como , simplesmente por ser simpático. A escola era ali ao pé, a dois passos. Transportes públicos? Muito raramente e "passe" era uma palavra que não constava no meu dicionário. E, os amigos? Nunca fui popular mas tenho um bom grupo de amigos e também nunca me considerei sozinho, sorte minha. Irmãos? Não tenho, apesar de com grande pena minha, o que me fez talvez ainda mais mimado. Financeiramente? Graças a Deus, nunca passei dificuldades e , apesar de já ter vivido melhor, sou privilegiado também nesse aspecto. Saúde? Tirando alergias, também nunca tive nada de grave, nem eu, nem a minha família . Pais, Avós, Primos, Tios todos vivos e de boa Saúde. Sim, tenho tido sorte. Tenho sido mimado pela vida e, acho que ainda não tenho noção da vida, do que é duro, do esforço propriamente dito. Claro que muitas destas coisas irão manter-se quando entrar na Faculdade, mas se calhar a maneira como as vejo vai mudar. Sim, tenho algum medo. Gostava de às vezes permanecer assim para sempre, sem crescer, tal e qual Peter Pan. Mas, mesmo assim, não posso fazer nada senão esperar. Sim, porque pode ser que este meu "eu" mais racional esteja enganado, que tudo se mantenha cor-de-rosa. E, se mudar, se deixar de ser privilegiado? Não há problema. Aprenderei a agradecer. Sim, porque mais não seja, um dia fui feliz.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A ausência para o sonho

Ao abandono. Pelo menos esteve assim uma semana mas agora voltei. Estive de férias e não me foi possível escrever. Bem que tentei mas, para além de estar acompanhado, em alto mar não há internet. Ou melhor, até havia, mas a 18 euros à hora o que estava fora de questão. Peço desculpa, teve que ser mas estou de volta.  Bem, gostei da viagem no geral. Foi uma mudança no que inicialmente estava previsto mas também gostei do itinerário. Perguntaram-me ontem se tinha gostado mais ao menos do que a minha viagem a Londres e eu citei uma frase que li precisamente no avião, enquanto ia para lá: "Não existem duas viagens iguais. Não posso dizer que gostei mais ou menos desta do que da outra. Simplesmente existem viagens que nos dão mais, outras que nos dão menos."
Nesta viagem houve contudo um sitio que adorei e a que pretendo voltar, espero, já para o ano. Mykonos. Para quem não conhece, recomendo vivamente que visitem a ilha. Para além de ter uma beleza única, não só pelas pitorescas casas e lojas muito bem decoradas, existe uma clara união entre arte e natureza fazendo da ilha um sitio memorável. Contudo, se tudo isto não for suficiente, encontrei algo que me agradou imenso. Ao que percebi existe uma enorme tolerância naquela pequena ilha. Encontrei, no espaço de 4 horas ( e sem caminhar mais de 500 metros), inúmeras lojas e bares dedicados ao público homossexual. Vi também, enquanto passeava por lá, inúmeros casais homossexuais alguns dos quais demonstrando o seu amor em público. Normal? Deveria de ser mas pelo menos, para mim, é muito raro observar tal acontecimento. E , aliado a isto, não existiam quaisquer olhares discriminatórios, dilacerantes, alegando que tudo aquilo era pecaminoso e repugnante (excluem-se alguns olhares curiosos de alguns turistas). Espero lá voltar um dia. Voltarei, claro, mas espero fazê-lo acompanhado. Porque é uma realidade diferente, porque a tolerância ali não se encontra mascarada sob falsos moralismos. Porque a evolução ali está presente, porque existe evolução, porque dão o exemplo. Porque te posso dar a mão, mostrar ao mundo o quanto te amo. Porque posso ser eu. Porque posso ser nós.

Contigo.