sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Brisa Musical V / A declaração

Se calhar é por andar mais em baixo nestes últimos dias, ou se calhar porque simplesmente é Coldplay, mas apeteceu-me publicar esta música. Condiz com o meu estado de espírito, algo melancólico, pensativo, num estado de reflexão. No outro dia ponderei como seria se me assumisse, aos meus pais. Talvez fosse por ter acordado à pouco tempo, mas pensei que iria tudo correr bem. Que nada me iria acontecer, que iriam aceitar, que me iriam apoiar, que iam estar lá. Pensei para mim, sim sou gay, e qual é o problema, porque não haveriam eles de aceitar? Sou filho deles não sou? É suposto amarem-me incondicionalmente não é ? Se 5 minutos durou o pensamento, em igual tempo voltei a assumir a minha postura racional. Por muito que queira ser optimista, por muito que ache que as luzes brilham, por muito que ache que as estrelas podem conceder desejos, por muito que espere que no fundo do arco-íris esteja um pote com ouro... Por muito que espere tudo isto, não é optimismo, é ilusão, ingenuidade. Ponderei depois em se, algum dia, lhes iria contar, e nesse ponto sinto insegurança. Pensei que nunca teria a necessidade de lhes contar, pensei que iria viver a minha vida e que isso seria cá comigo, e que nunca iria dizer nem que sim, nem que não. Manter a incerteza. Mas e quando me começarem a questionar? Sim, quando tiver 30, 40 anos e me perguntarem se não vou casar, ter filhos, construir uma família. Sim, nessa altura, que lhes direi? Mãe, Pai, eu sou homossexual e eu já tenho uma família, ele é a minha família. Sim. Era o que gostava de responder, mas mesmo nessa altura tenho medo da reacção e ,por mais que tente, não consigo imaginar o que me irão responder. No entanto, é nessa altura que espero tê-lo ao meu lado. Que me apoie, que me dê forças mas que, acima de tudo, eu seja capaz de ter essa coragem, por mim , por ele, por nós, que seja capaz de enfrentar tudo e todos. Sim, nisso já creio que aprendi. Não vale a pena esconder-me eternamente. Sim, não vale a pena tentar manter a incerteza. Isso seria ingénuo. Só tenho que planear o que vou dizer e , nessa altura, quando não depender de ninguém, o que terei eu a perder? Sim, o que me pode acontecer? Nada, acho. Afinal, mesmo as lágrimas secam. Demore o tempo que demorar...

4 comentários:

  1. Estou com o teu lado racional. Para mim é uma coisa que só me diz respeito, a mim e a quem eu gosto.

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  2. Mesmo assim penso como será contar-lhes, aos meus pais. Afinal sinto que também eles devem saber, independentemente da reacção mas isso é algo que, a acontecer, só daqui a uns anos...

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  3. Eu estou com o Francisco (e com uma dor de garganta).
    Às vezes penso que gostaria de contar à família, mas depois penso que ninguém tem nada a ver com isso...

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  4. Pois, é complicado, também me sinto assim sem saber bem o que fazer mas, visto que a acontecer não é agora, até lá saberei o que fazer (espero xD)

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